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Leonardo Pareja: O bandido que zombou da polícia e ficou famoso no Brasil

O jovem Leonardo Pareja, bonito, charmoso e excelente comunicador, sendo fluente em três línguas, tinha tudo para ser um homem brilhante. E efetivamente o fora, mas, como não se esperava, de modo nada ortodoxo.

Na década de 1990, decidiu que usaria toda a sua inteligência para assaltar um hotel em Feira de Santana, na Bahia. O plano estava dando tudo certo e achava que tinha conseguido ter sucesso na sua empreitada criminosa, mas, quando tentou sair do local, se viu cercado por policiais. Voltando para dentro do hotel, decidiu fazer reféns para preservar sua vida. Dentre elas estava a sobrinha de 16 anos do então senador Antônio Carlos Magalhães. Decidindo que só precisava dela, liberou os outros.

Durante o sequestro, para conseguir aparecer – ele adorava isso – utilizava-se de um lençol colado ao corpo da sobrinha do senador e óculos escuros, evitando assim que atiradores de elite agissem, já que tinha certeza que a polícia não iria correr o risco de matar um parente próximo de um famoso político.

Sob este truque, Pareja deu diversas entrevistas para emissoras locais e nacionais, se tornando conhecido nacionalmente por seu crime e por sua desenvoltura. Ele adorava desafiar a polícia e se mostrava como um verdadeiro rebelde, lutando “contra o sistema”.

O sequestro no hotel durou três dias. Ele liberou a refém e, de maneira mirabolante, conseguiu fugir. Começava aqui a caçada midiática.

A caçada e a vida na prisão.

Com apenas 21 anos de idade, Pareja começou a fugir da polícia pelo país. Não satisfeito, como forma de provocar, parava no meio do caminho para dar entrevistas, autógrafos e dizer para qual local ele iria em seguida. Mesmo com tudo isso, a força policial não conseguia colocar as mãos em Leonardo ainda que com operações inteiras montadas para isso.

Contudo, um dia a perseguição que passou por três estados brasileiros chegou ao fim em Goiânia e, sem oferecer resistência, foi preso.

Dentro da cadeia, Leonardo passou a se mostrar como o verdadeiro comunicador que era, se colocando numa posição onde passou a liderar movimentos pela liberdade e melhorias para os presos, além de pregar sobre as dificuldades das classes menos favorecidas da sociedade, concedendo entrevistas à veículos de imprensa. Chegou a tocar violão no alto de uma caixa d’agua em uma das rebeliões que organizava.

Em abril de 1996, co ma visita de seis autoridades regionais de segurança ao presídio em que estava, conseguiu organizar uma rebelião que provocou uma fuga em massa de presos. Este feito o fez ser capa da revista Veja sob a manchete: “O Bandido e os Otários: Como Leonardo Pareja fez a polícia de boba”.

O astuto bandido foi capturado no dia seguinte à sua fuga, porém enquanto estava livre, relatos apontam que parou em um bar e pagou uma rodada de bebida para os presentes, além de distribuir autógrafos. Pareja recebia centenas de cartas na prisão de mulheres que se diziam apaixonadas por ele.

Seu fim

Leonardo sempre se julgava mais inteligente do que qualquer um. Ele gostava de provocar a polícia, mas sabia que era importante não ser um inimigo tão ferrenho, muitas vezes jogando do lado policial quando lhe era interessante. Certo dia, Pareja ficou sabendo que um grupo rival estava construindo um túnel de fuga de dentro de uma cela.

Leonardo não iria deixar que um grupo rival saísse tranquilamente. Então, segundo consta, revelou à agente penitenciários que um túnel estava sendo construído, frustrando os planos dos presos que planejavam fugir.

Desta maneira, o grupo rival decidiu armar uma emboscada para o grupo de Leonardo Pareja. Quando no dia 10 de dezembro de 1996 o café da manhã estava pronto e as celas foram abertas para que os detentos se dirigissem ao refeitório, um grupo de cinco presos, armados – sim, dentro da prisão – foram em direção ao grupo responsável por denunciar o túnel, matando 3 pessoas, dentre elas Leonardo, que foi alvejado por 7 tiros quando foi proteger um colega.

Leonardo ficou conhecido por ser astuto, inteligente e brincar com a força policial como quem brinca de bonecos quando criança, criando a história que quer por mais mirabolante que fosse. Porém, tamanha inteligência e sagacidade não foram usados para se criar um herói nacional – um Super Homem, talvez – mas sim um anti-herói, que lutava contra o sistema que julgava injusto.

“Já disse que a polícia não vai ter uma segunda chance. Não tenho medo da morte”, dizia Leonardo.

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