Mehmet Ali Ağca: por que atirou no Papa João Paulo II?
No cenário da história recente, a figura do Papa João Paulo II surge como um ícone de relevância global. Seu pontificado, que se estendeu por quase três décadas, de 1978 a 2005, transcendeu os limites religiosos, influenciando a política e a cultura mundial.
O chefe da Igreja Católica se notabilizou por defesas dos direitos humanos e da dignidade da vida. Sua oposição à pena de morte, aborto e eutanásia o tornou respeitado entre as classes mais conservadoras do mundo.
Rosto da campanha em busca da ‘paz mundial’, João Paulo II promoveu encontros históricos com líderes de diferentes crenças, buscando demonstrar a importância da compreensão mútua e da cooperação para a harmonia. No entanto, ao mesmo tempo que seus posicionamentos firmes lhe trouxeram ávidos fãs, rivais surgiram na mesma proporção, apontando os ideais papais como nocivos.
Mesmo antes de ser papa, João Paulo II já tinha uma posição inflexível contra o regime comunista, sendo considerado uma espécie de rebelde pelo governo. Um exemplo de suas rebeldias foi ajudar a instalar clandestinamente cruzes de madeira em campos da Polônia e incentivar a construção de igrejas numa época em que o governo enxergava com péssimos olhos qualquer manifestação religiosa.
Quando chegou ao controle do Vaticano, o Pontífice sempre se manifestara a favor da liberdade de expressão o que, teoricamente, eram ideias opostas ao comunismo. Portanto, se sem os poderes que um Papa possui já lutava contra esta ideologia, foi natural que se mostrasse contra quando estivesse em posição de ser ouvido e influente, sendo seus principais inimigos os que vinham desta vertente política.
A tentativa de assassinato e a motivação
Em 13 de maio de 1981, Mehmet Ali Ağca, um desses inimigos, decidiu tomar uma atitude, atentando contra João Paulo II enquanto este passava com seu carro na Praça de São Pedro. Uma vez que o Papa João Paulo II apareceu, Mehmet disparou vários tiros contra ele, o atingindo quatro vezes.
João Paulo II não morreu e Ağca foi condenado à prisão perpétua. O assassino nunca deixou as motivações para o atentado às claras. Muitos acreditam que ele agiu a mando de regimes comunistas do leste europeu, alarmados pela oposição do pontífice, mas essa hipótese é mero boato.
Mehmet chegou a confessar que o plano de assassinar João Paulo II teria partido do mafioso turco Bechir Celenk, mas nada foi confirmado. Em sua última manifestação direta sobre o caso, foi inconclusivo: “Deus quis que eu disparasse contra o papa e depois lhe salvou a vida. Ponto final. Eu estou no centro do terceiro segredo de Fátima”, afirmou.