Conheça a novela que há 20 anos inspirou a criação do Estatuto da Pessoa Idosa
É inegável o poder que as novelas possuem na televisão brasileira. Milhões de brasileiros param todos os dias na frente de suas televisões para acompanhar as tramas que estão sendo transmitidas, bem como torcer para determinado personagem se dar bem ou se dar mal. Histórias assim cativam a sociedade como um todo há décadas e, em algum momento, chegaria a hora em que uma produção fictícia teria impacto na vida real e no seu cotidiano.
Milhares de novelas já provocaram debates quanto à diversos temas, principalmente no que alcança os problemas do contexto brasileiro. Quer seja quanto aos direitos da comunidade LGBTQIAPN+ ou sobre os crimes de violência contra a mulher, por exemplo, é fato que as novelas trazem para fora das telinhas uma conversa que seja sobre o que a sociedade pensa à respeito de determinado tema que está sendo tratado.
“Mulheres Apaixonadas”, exibida originalmente em 2003, foi uma dessas.
O Estatuto da Pessoa Idosa
Oswaldo Louzada e Carmem Silva foram responsáveis por viver Leopoldo e Flora em “Mulheres Apaixonadas”. Na telenovela, os dois sofriam nas mãos de Dóris, personagem vivida pela atriz Regiane Alves.
Na trama do consagrado autor Manoel Carlos, a vilã maltratava os próprios avós, além de roubar dinheiro deles e os ofender de maneira gratuita, inclusive quanto estavam em público. O assunto, que tinha relevância na sociedade, mas era visto de maneira velada pelas pessoas – e pelas autoridades – ganhou foco com a produção Global.
“Ninguém sabia bem o melhor jeito de agir nessa situação. Aí na novela apareceu uma adolescente inconformada por ter que dividir o seu espaço falando barbaridades. Todo mundo começou a tocar no assunto”, disse Regiane Alves ao jornal O Globo.
Com o sucesso da novela e com a personagem Dórias extrapolando todo e qualquer tipo de limite na história, um projeto foi criado pelo então deputado Paulo Paim (PT/RS) e foi aprovado pelo Senado na época que Mulheres Apaixonadas estava no ar.
O texto foi sancionado pelo presidente em exercício na época, Luiz Inácio Lula da Silva.
Parte do elenco, na época, se movimentou e fez pressão para que políticos aprovassem o Estatuto do Idoso (hoje chamado de Estatuto da Pessoa Idosa), que prometia direitos às pessoas da terceira idade. Ao lado de Regiane, os atores Oswaldo Louzad e Carmem Silva participaram da comitiva à Brasília.