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Quem foi Rui Barbosa: um dos homens mais influentes da Primeira República

Rui Barbosa de Oliveira nasceu na cidade de Salvador, Bahia, no dia 05 de novembro de 1849. Filho de de Maria Adélia Barbosa de Oliveira e João José Barbosa de Oliveira, um médico que, além de deputado estadual – provincial à época -, era diretor da Instrução Pública da Bahia. 

Com cinco anos, Rui foi para a escola e em poucos dias, demonstrou que era diferente dos demais. Não demorou mais do que um mês para que já soubesse ler e conjugar verbos. Em casa, por sua vez, recebia aulas de piano e oratória.

Apesar de ser uma criança prodígio, era tido como triste por conta da sobrecarga de estudos que tinha. Ainda que se interessasse em adquirir conhecimento desde muito pequeno, Rui ainda era uma criança que tinha demandas de pessoas da sua idade, tal como brincar e fazer amigo. Porém, na maior parte do tempo, quando não estava estudando, era obrigado por seu pai a ler os clássicos portugueses. Com dez anos já recitava os poemas de Luís de Camões.

Em 1861, Rui Barbosa ingressou no Ginásio Baiano e quatro anos depois terminou o curso de humanidades em primeiro lugar recebendo, inclusive, uma medalha de ouro por suas competências e méritos, o que marcou o dia do seu primeiro discurso em público.

Com a conclusão do curso, passou a se preparar para estudar Direito quando tinha apenas 15 anos de idade. Assim, passou o ano de 1864, o mesmo em que se formou no Ginásio Baiano, estudando alemão, lendo juristas e obras médicas escritas por seu próprio pai. Nessa época, passou a também escrever em razão das constantes leituras que fazia; entretanto, seus textos tinha como característica uma prosa triste melancólica.

Em 1866, preparado, Rui Barbosa se matriculou na Faculdade de Direito da cidade do Recife. Contudo, por participar da “Associação Acadêmica Abolicionista”, entrou em conflito com um professor e foi obrigado a terminar o curso na cidade de São Paulo. Em 1870 graduou-se em Direito e, nesse momento, sentindo fortes dores de cabeça e constantes vertigens na capital paulista, antecipou sua volta para a Bahia.

Com a perda do emprego por parte de seu genitor, Rui Barbosa foi trabalhar com Manuel Pinto de Souza Dantas no jornal “Diário da Bahia”. Ali, manteve longa amizade com Rodolfo Dantas, filho de seu patrão e, junto com a família, passou seis meses na Europa, fato este que melhorou sua saúde como nenhum tratamento antes o havia feito.

Pouco depois de sua volta da temporada europeia seu pai faleceu e logo tornou-se diretor do “Diário da Bahia”. Também não demorou para que fosse nomeado pelo conselheiro Manuel Dantas, pai de Rodolfo, seu amigo, para o cargo de secretário da Santa Casa de Misericórdia da Bahia.

Porém, de maneira controversa, talvez, no dia 21 de novembro de 1876, depois de intensa disputa fria com o então amigo Rodolfo – que fez muito pela vida e saúde do rapaz – para ter coração da jovem Maria Augusta Viana Bandeira, casou-se com ela, formando sua família.

A Carreira Política

Membro do chamado Partido Liberal, Rui Barbosa participava de muitos comícios nos teatros e praças, defendendo a realização de eleições diretas, a liberdade religiosa e a abolição da escravatura.

Em 1877, com o partido em alta, foi eleito deputado provincial na Bahia e no ano seguinte se elegeu deputado no Parlamento do Império. Rui Barbosa era ferrenho defensor da reforma eleitoral, da reforma do ensino e a libertação dos escravos sexagenários. O controle dos votos na próxima eleição, feito pelos fazendeiros escravagistas, e uma campanha contra os abolicionistas, não reelegeu Rui Barbosa.

Rui Barbosa voltou a trabalhar em jornais em março do ano de 1889, onde tornou-se redator chefe do “Diário de Notícias”. Na luta em prol do regime democrático e baseado no conceito de federação, começou a afastar-se do Partido Liberal.

Com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, Rui Barbosa foi chamado para ocupar a pasta da Fazenda no governo provisório de Deodoro da Fonseca. Com isso, foi alvo de protestos do grupo agrário paulista por se mostrar favorável à industrialização do grande comércio.

Dois fatos marcaram sua passagem no ministério da Fazenda: a Constituição de 1891, quase toda escrita de próprio punho, e o encilhamento, que se caracterizou por medidas de expansão de crédito e de estimulo à criação de bancos, empresas e, como dito antes, ao processo de industrialização. Porém, com o crescimento feroz de uma incontrolável inflação, somada à outras crises, Rui Barbosa deixou o ministério acompanhando uma demissão coletiva.

Em 1893, mais uma vez Rui Barbosa voltou a trabalhar em veículo de mídia, assumindo dessa vez a direção do “Jornal do Brasil”. Com a ascensão de Floriano Peixoto, passou para a oposição deste, criticando o governo no Parlamento e nas páginas do jornal que dirigia. Dois anos depois, com a projeção que ganhou com as críticas à Floriano, foi eleito para o Senado após ter passado por um período exilado em Buenos Aires, em Lisboa e em Londres. Além de suas pautas, passou a lutar pela anistia aos punidos por Floriano por participação na “Revolta da Armada” em 1893.

Conferência de Paz de Haia

Em 1907, Rui Barbosa foi nomeado pelo presidente Afonso Pena para chefiar a delegação brasileira durante a Conferência de Paz de Haia, nos Países Baixos. Lá, defendeu a tese brasileira da igualdade entre as nações, mas não conseguiu ganhar a simpatia das grandes potências mundiais.

Como porta voz dos países subdesenvolvidos, Rui Barbosa foi afundo em debates com os delegados da Alemanha e do Reino Unido, que depois foram tidos como memoráveis pela comunidade internacional. Um dos principais resultados da Conferência foi a criação da “Corte Permanente de Justiça Internacional”, onde Rui Barbosa seria um dos integrantes oficiais.

Em sua volta ao Brasil, Rui Barbosa foi amplamente festejado por seu importante desempenho, recebendo o apelido de “Águia de Haia”, além de uma medalha de ouro do presidente da República.

A Presidência da República

Rui Barbosa, com toda sua carreira, era um homem respeitado nacionalmente e, acreditando que poderia alcançar novos voos, resolveu disputar as eleições presidências de 1910 como candidato da oposição. Naquele momento, aparentemente nenhum candidato tinha condições de disputar com ele, mas, contrariando todas as expectativas, o Marechal Hermes da Fonseca saiu vencedor por uma ampla margem de votos.

Nas eleições presidenciais de 1914 Rui Barbosa teve novamente seu nome lançado na convenção partidária, mas acabou retirando sua candidatura.

Em 1919, com a morte do presidente eleito Rodrigues Alves, que não chegou a tomar posse, Rui Barbosa candidatou-se mais uma vez no seu objetivo de ser presidente, dessa vez em disputa com Epitácio Pessoa. Porém, Rui, contou apenas com o apoio do Rio de Janeiro e do Pará, não conseguido sua sonhada vitória.

A morte e o legado

Rui Barbosa foi responsável por escrever mais de cem livros, dentre eles artigos e discursos. Além disso, foi sócio fundador da Academia Brasileira de Letras e foi o sucessor de Machado de Assis na presidência da desta. Rui conseguiu reunir uma das maiores bibliotecas do país, com cerca de cinquenta mil volumes.

O memorável Rui Barbosa faleceu no dia 1 de março de 1923 em Petrópolis, Rio de janeiro, local onde tinha ido se recuperar de uma pneumonia.

Em 1949 seu corpo foi transladado para a cripta do Palácio da Justiça da Bahia, denominado Fórum Rui Barbosa. Sua residência no Rio de Janeiro, comprada pelo governo, foi transformada na Fundação Casa Rui Barbosa, encarregada de pesquisas e da publicação de suas obras.


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