Argentina é presa por racismo durante jogo clássico do futebol
O icônico estádio do Maracanã foi palco de um cenário caótico durante o aguardado clássico entre Brasil e Argentina. O evento, marcado por uma briga generalizada nas arquibancadas, resultou na prisão em flagrante de uma torcedora argentina, Maria Belem Mateucci, sob a suspeita de envolvimento em atos de racismo contra uma funcionária de uma empresa prestadora de serviços no estádio.
Testemunhas afirmam que a vítima foi alvo de ofensas racistas, sendo chamada de “pedaço de macaco”. O incidente ocorreu em meio a uma confusão na arquibancada do Maracanã, minutos antes do início da partida sul-americana. O tumulto teve início durante a execução dos hinos nacionais, no setor onde os fãs argentinos estavam concentrados, sem qualquer separação entre as torcidas.
Briga entre torcidas
A situação se agravou com confrontos entre torcedores das duas seleções e intervenção da polícia. Assentos foram arrancados e arremessados, gerando um cenário de caos nas arquibancadas. Inicialmente, a resposta policial foi demorada, o que contribuiu para a escalada da violência.
Pelo menos 17 torcedores foram levados ao Juizado Especial Criminal (Jecrim) do estádio, sendo que dois deles necessitaram de atendimento médico em decorrência da briga. As punições variaram entre transações penais e, no caso de um infrator, medida cautelar de afastamento dos estádios, com a obrigatoriedade de comparecimento ao juízo.
O conflito também interferiu diretamente no protocolo do evento. Durante a preparação para a foto oficial, os argentinos foram surpreendidos pela confusão nas arquibancadas, levando a uma intervenção imediata do capitão da Seleção, Marquinhos, e dos próprios jogadores argentinos. O pânico generalizado levou alguns torcedores brasileiros a invadir o campo.
A tensão atingiu seu ápice quando, às 21h37, os jogadores argentinos decidiram recuar para o vestiário, solicitando um intervalo de 15 minutos para que a situação nas arquibancadas se acalmasse. O retorno ao campo ocorreu às 21h52, com a presença reforçada da polícia, que estabeleceu uma barreira humana no setor Sul para separar as duas torcidas e evitar novos confrontos.
Nota da CBF
“A Confederação Brasileira de Futebol vem prestar os seguintes esclarecimentos sobre os incidentes ocorridos no jogo Brasil x Argentina, realizado nesta terça-feira 21/11/2023, no Maracanã, válido pelas Eliminatórias da Copa do Mundo FIFA 2023.
É importante esclarecer que a organização e planejamento da partida foi realizada de forma cuidadosa e estratégica pela CBF, em conjunto e em constante diálogo com todos os órgãos públicos competentes, especialmente a Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro.
Todo o planejamento do jogo, em especial o plano de ação e o de segurança, foram sim debatidos com as autoridades públicas do Rio de Janeiro em reuniões realizadas entre as partes.
Os planos de ação e segurança foram aprovados sem qualquer ressalva ou recomendação pelas autoridades de segurança pública presentes (Polícia Militar RJ, SEPOL, Ministério Público, Juizado do Torcedor, Guarda Municipal, CET-RIO, Subprefeitura, Concessionária Maracanã, SEOP, etc.), dentre as quais a Polícia Militar do RJ, na primeira reunião realizada na sede da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (FERJ), no dia 16 de novembro de 2023, às 11:00h. Além dos planos de ação e segurança, os participantes da reunião trataram também de toda a montagem da operação da partida, contando com a participação de todas as partes diretamente envolvidas e responsáveis pela organização da partida e autoridades públicas.
Na segunda (20), o plano operacional para o jogo foi igualmente aprovado sem qualquer ressalva ou recomendação na reunião realizada no Estádio Maracanã, com a presença da CBF, representantes da CONMEBOL, da Polícia Militar RJ, das empresas responsáveis pela operação do Maracanã, e que operam mais de 70 jogos no estádio por ano, e outras autoridades públicas.
A realização da partida com torcida mista sempre foi de ciência da Polícia Militar do RJ e das demais autoridades públicas, pois é o padrão em competições organizadas pela FIFA e CONMEBOL, como ocorre nas Eliminatórias da Copa do Mundo, na própria Copa do Mundo, Copa América e outras competições. Outros jogos entre Brasil e Argentina, até de maior apelo, como a semifinal da Copa América de 2019, também foram disputados com torcida mista. Não se trata de um modelo inventado ou imposto pela CBF.
Ou seja, todo o plano de ação e segurança foi elaborado e dimensionado já considerando classificação do jogo como vermelha e com a presença de torcida mista, tanto que atuaram na segurança da partida 1050 vigilantes privados e mais de 700 policiais militares da Polícia Militar RJ.
Portanto, a CBF reafirma que foram cumpridos rigorosamente o plano de ação, de segurança e operação da partida, tal qual foram aprovados pela Polícia Militar RJ e demais autoridades.
Por fim, a única recomendação recebida pela CBF de qualquer autoridade pública ao longo de todo o período que antecedeu a partida entre Brasil e Argentina, foi uma recomendação do Ministério Público, da 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Ordem Urbanística da Capital, para que ‘NÃO realizem partidas de futebol no ano de 2023 com o formato de disponibilização da carga total de ingressos através de um tíquete eletrônico apresentado mediante exibição do aparelho de telefonia celular, tal como ocorrido na partida da final da Copa Libertadores no dia 04 de novembro de 2023’ e que ‘Exijam no ano de 2023 dos torcedores que se aproximem das catracas a exibição de evidência física (tíquete de papel e/ou cartão de sócio torcedores) de que o torcedor possui um tíquete de ingresso para se aproximar das catracas do Estádio Mário Filho – Maracanã, de modo a evitar a invasão de torcedores que não possuam ingressos para assistir à partida.’”