Médico acusado de causar a morte de 42 pacientes é preso
Na tarde da última quinta-feira (14), o médico João Batista do Couto Neto, suspeito de causar a morte de 42 pacientes e lesões em outros 114, foi preso em um hospital de Caçapava, interior de São Paulo.
Couto teve a prisão preventiva decretada após ser indiciado pela Polícia Civil por homicídio doloso em três inquéritos, e, segundo o titular da 1ª DP de Novo Hamburgo, ainda restam 39 investigações de homicídio e 114 de lesão corporal envolvendo o cirurgião.
Relatos de pacientes e ex-colegas do médico
Antigos pacientes e ex-colegas do médico relataram que Couto realizava cerca de 30 cirurgias por turno de trabalho, realizava procedimentos desnecessários e até mesmo deu um diagnóstico de câncer raro falso. O advogado de Couto, Brunno de Lia Pires, considerou a prisão “absurda e imotivada”, afirmando que entrará com pedido de habeas corpus.
Relatos de pacientes incluem experiências de desconforto pós-cirúrgico, complicações e diagnósticos questionáveis. Um deles foi submetido a uma cirurgia para hérnia umbilical que afirmou ter passado por intensas dores e vômitos após o procedimento, sendo posteriormente submetido a uma segunda cirurgia por outro profissional.
Uma técnica de enfermagem que trabalhou no mesmo hospital que Couto afirmou que o número de cirurgias diárias realizadas pelo médico era excessivamente alto, levantando suspeitas sobre a qualidade e segurança dos procedimentos.
João Couto enfrentava uma suspensão parcial em sua licença médica ao se registrar no Conselho Regional de Medicina de São Paulo em fevereiro deste ano. Embora tenha havido uma decisão judicial proibindo-o de realizar cirurgias por 120 dias, essa restrição expirou em outubro deste ano.
O médico deve passar por uma audiência de custódia em São Paulo, e a finalização de novos inquéritos depende de laudos a serem enviados pelo Departamento Médico Legal de Porto Alegre.
Nota da defesa
Com surpresa a Defesa recebeu a notícia da decretação da prisão preventiva do médico João Couto Neto. A decisão não se reveste de qualquer fundamento fático ou jurídico e constitui clara antecipação de pena, com a finalidade de coagir e constranger o médico. Impetraremos ordem de habeas corpus o mais breve possivel para fazer cessar a absurda e imotivada prisão.