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A incrível história de Ricardo Trajano: o sobrevivente do voo da Varig 820

O voo 820 da antiga empresa aérea Varig partiu do Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, com destino ao aeroporto de Orly, na França onde faria escala antes de ir para Londres. Durante todo o caminho, o avião realizou uma viagem tranquila até os seus instantes finais.

Quando o Boeing 707 já estava em procedimento de descida, bem perto de Paris, na França, uma fumaça começou a tomar conta do avião. Um incêndio havia se iniciado em um dos banheiros da parte traseira, supostamente porque alguém largou um cigarro aceso na lixeira. A tripulação tentou apagar o fogo, mas não conseguiu.

Com a aeronave em chamas, o piloto Gilberto da Silva se viu obrigado a fazer um pouso de emergência, aterrissando em uma plantação de repolhos a apenas seis quilômetros do aeroporto destino. Assim, o comandante impediu a queda do avião sobre um vilarejo 200 metros afrente. Porém, naquela quarta-feira, 11 de julho de 1973, morreram 123 pessoas, a maioria delas intoxicadas pela fumaça antes mesmo do pouso forçado. Apenas 11 a bordo sobreviveram.

Quase todas as vítimas fatais eram brasileiras, estando entre elas, o cantor Agostinho dos Santos, a socialite Regina Lecléry, o velejador Jörg Bruder e o então presidente do Congresso Nacional, o senador Filinto Müller, que havia se tornado famoso no Brasil durante a ditadura do Estado Novo, como chefe de polícia de Getúlio Vargas.

O único civil

Dos 11 sobreviventes da tragédia, 10 eram membros da tripulação. A sobrevivência destes só foi possível porque conseguiram se abrigar na cabine do piloto, o que possibilitou que não inalassem muito da fumaça tóxica gerada pelo incêndio. Os socorristas chegaram menos de 10 minutos depois do acidente.

Único sobrevivente entre os passageiros do voo 820, Ricardo Trajano tinha 21 anos naquele dia 11 de julho. Ele estava sentado numa poltrona na janela da última fileira, estando os assentos ao seu lado todos vazios. Quando o incêndio começou, bem perto dele, Trajano se levantou, foi para afrente da aeronave e se deitou no chão da área onde são preparados os alimentos e bebidas pelos comissários. Quando disseram para ele voltar a seu lugar, ele não obedeceu.

Colado na cabine dos pilotos, Trajano respirou menos a fumaça tóxica que matou os outros passageiros, o que possibilitou que, sobrevivendo ao impacto, fosse resgatado pelos socorristas poucos minutos após o acidente.

O mineiro, que estava inconsciente e com muitas queimaduras no corpo, passou mais de 80 dias internado num hospital. Sua família achava que estava morto, mas ele escreveu um bilhete no leito do hospital, identificando-se, e os pais suspenderam o velório que havia sido encomendado.

Em 1973, Trajano estava viajando de férias. Seu destino final era Londres. Cerca de um ano depois de se recuperar, o o homem mostrou que o acidente não lhe deixou traumas, pois entrou de novo em um avião para concretizar o sonho de conhecer a capital britânica.

Hoje, ele é pai de duas filhas e dá palestras motivacionais.


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