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Esse homem confessou ter matado mais de 30 mulheres: quem foi Ted Bundy?

Theodore “Ted” Robert Bundy não tinha uma infância considerada normal, sendo repleta de violências e incertezas desde sua concepção. Louise, sua mãe, quando ainda era muito jovem, envolveu-se sexualmente com um militar da Força Aérea Americana que era muito mais velho do que ela.

Dessa relação casual que a jovem teve, em novembro de 1946, surgiu em seu ventre um filho, cujo pai, apesar de procurado, nunca mais foi visto. Tentando então evitar um escândalo na vizinhança e na própria família, os pais de Louise resolveram abafar o caso, inventando que o recém-nascido e neto – Theodore Bundy – era, na verdade, seu filho e, portanto, irmão mais novo de Louise, mãe verdadeira da criança.

Os “pais” de Ted, apesar de terem sido “bondosos” ao ajudarem a própria filha a não passar por uma vergonha pública, não eram amistosos de um modo geral; o jovem cresceu assistindo o seu avô espancando a sua avó inúmeras vezes.

Agressões físicas e verbais faziam parte da rotina familiar e, conforme crescia, esse contexto o traumatizava ao passo que o deixava cansado. Visando abstrair-se desse contexto truculento, Louise casou-se com John Culppeper, mudando-se para outra cidade e levando junto com eles o seu filho biológico Ted – na época com cinco anos de idade.

John era um homem esforçado. Não faltaram esforços para o padrasto de Bundy tentar aproximar-se do menino, mas todo o seu empenho era inútil. Ted não conseguia aceitar o fato de ter sido separado dos seus “pais” para viver com a sua “irmã”.

Na nova cidade e a revelação

Já vivendo com a “irmã” na nova cidade, Bundy era considerado uma criança tímida, solitária e bastante insegura. Ele gostava de passar o seu tempo cuidando de seus irmãos mais novos e, em segredo, torturando animais.

Bundy sofria severo bullying na escola onde estudava, mas, apesar disso, mantinha um desempenho acadêmico muito à frente de seus colegas, sendo o melhor aluno de todo o colégio. Com o passar dos anos, passou a ser reconhecido pelas pessoas em seu entorno como um menino inteligente, educado e elegante. Trabalhou desde cedo, apesar de nunca ter conseguido manter a estabilidade que se esperava em seus empregos e ter sido investigado por roubo duas vezes.

Já com 21 anos, Bundy apaixonou-se loucamente por uma menina pertencente a uma classe social mais alta do que a dele. Ela, apesar da diferença social e financeira, também correspondeu à veemente paixão do rapaz. Dedicando cada momento que podia à nova vida com sua amada, um ano após o início do namoro ela terminou o relacionamento.

Bundy nunca superou o término do que considerava ser seu primeiro e último relacionamento. Com isso, entrou em uma profunda ansiedade e depressão, abandonando completamente os estudos enquanto tentava, a todo custo, reconciliar o namoro, sem conseguir, contudo, nenhum sucesso no árduo trabalho de convencer sua ex-companheira a retornar para ele.

Sua situação ficou ainda pior quando, no mesmo ano, o segredo de sua família veio à luz: seus pais de criação eram, na verdade, seus avós e a mulher que considerava sua irmã tratava-se, pois, de sua mãe.

A notícia chegou como uma tragédia colossal ao coração e mente de Ted Bundy. A partir desse momento, tornou-se uma pessoa mais fria e obcecada em manter o controle de absolutamente tudo em sua vida.

Decidindo que precisava voltar a estudar para que fosse um homem digno, o fez e formou-se em psicologia, sendo laureado por seu incrível desempenho nos testes e trabalhos.

A breve vida política e o começo dos crimes

Com 23 anos e formado, encontrou uma nova companheira chamada Meg Anders. Ambos passaram a morar juntos e logo acabaram casando e tendo um filho. Porém, Ted sabia que ainda não havia superado sua primeira namorada, tendo se casado com Meg quando sabia que ainda mantinha contato com sua ex.

Bundy começou a estudar Direito e filiou-se ao Partido Republicano dos Estados Unidos, sendo muito cotado à ser candidato à algum cargo político em razão do seu forte envolvimento com as reuniões partidárias e com as pautas defendidas pelo grupo.

Quando já tinha 27 anos, em uma viagem representando o Partido Republicano, Ted Bundy encontrou-se novamente com sua antiga amada e não mediu esforços para tentar reconquistá-la ainda que fosse comprometido e já tivesse um filho. Entretanto, internamente, o objetivo na reconquista, agora, era outro: rejeitá-la e fazê-la sofrer, para que sentisse toda a tristeza e amargura que sentiu por ela anos atrás. E ele conseguiu.

Com isso, tendo em mente a mãe que acreditava ser, na verdade, sua irmã e a rejeição de sua primeira namorada, ele decidiu que precisava fazer com que todas as mulheres sofressem. Assim, começa sua empreitada criminosa.

As vítimas, o modus operandi e a prisão

Todas as vítimas de Ted Bundy foram jovens mulheres, sempre demonstrando sentir ódio pelo sexo feminino, escolhendo suas vítimas com base na aparência que possuíssem, buscando nelas certa semelhança física com sua mãe.

Bundy mantinha um padrão em seu modus operandi: abordava jovens em escolas, parques, fraternidades, universidades e fingia estar com o pé ou o braço engessados, pedindo, então, ajuda à vítima para carregar compras ou livros até o seu carro. Utilizava como veículo um fusca que, artesanalmente, não possuía o banco da frente do carona tampouco o trinco da porta do mesmo lado.

Como Bundy agia sempre de modo educado e dócil, além de ser uma pessoa considerada muito bonita, não era difícil fazer com que a sua futura vítima se dirigisse até o seu carro. Como a mulher-alvo tinha que colocar os objetos do assassino dentro do carro, acabava deixando metade do seu corpo dentro do fusca. Nesse momento, Bundy se despia do personagem e mostrava quem era, pois empurrava-a bruscamente e, em instantes, já a algemava e desferia golpes violentos em sua cabeça, a ponto de deixá-la inconsciente.

Ted gostava de variar no modo como agia com suas vítimas. Algumas não sofriam tanto, já sendo estranguladas sem demora, apesar de que antes de perder a vida, Bundy sempre as abusava sexualmente. Outras, por outro lado, sofriam bastante, como é o exemplo de Melissa Smith, 17 anos, cujo cadáver foi encontrado com sinais evidentes de tortura. Por dentro, seu crânio estava em pedaços e todo o seu corpo estava totalmente lesionado.

Karen Chandler e Kathy Klein também foram uma das que não tiveram a sorte de encontrar um Ted Bundy impaciente. A primeira teve os dentes quebrados, a sua mandíbula e seu crânio esfacelados, os dedos esmagados e sofreu inúmeros cortes em volta do corpo. Já a segunda sangrava demais pela cabeça, seu rosto estava dilacerado por algum objeto cortante, além de não possuir quase nada de sua arcada dentária, estando sua mandíbula em pedaços e com sinais de flagelação no pescoço. Ambas foram estupradas.

Ted, com as investigações incessantes da polícia que estava atrás do já conhecido serial killer, foi preso por suspeita de roubo, mas depois acabou sendo acusado e condenado pela tentativa de sequestro de Carol DaRonch. Ele teria sido julgado pela morte de Caryn Campbell, se não tivesse conseguido fugir da prisão em dezembro de 1977.

Dois meses depois, em fevereiro de 1978, uma semana depois de ter assassinado Kimberly Leach, de 12 anos, ele foi parado pela polícia em Pensacola. Como dirigia um carro roubado, acabou sendo preso pelos agentes. A polícia, que o procurava após ter fugido da prisão no ano anterior, ouviu diversas testemunhas e encontrou evidências cabais que o ligavam a três assassinatos, dentre elas um molde feito a partir das marcas de mordidas encontradas no corpo de Lisa Levy, uma de suas vítimas. No caso de Kimberly Leach, também foram encontradas fibras da roupa de Ted na cena do crime.

Ao todo, foram dezenas de meninas estupradas, torturadas e assassinadas. Ele, após ser preso em definitivo, admitiu trinta homicídios em sete estados diferentes nos Estados Unidos. Entretanto, existe uma estimativa de que esse número seja maior, dados os numerosos casos com autoria não comprovada de jovens encontradas sem vida e vitimadas pelo mesmo modus operandi empregado por Bundy.

Os julgamentos, suas sentenças e os recursos

Ted Bundy, já conhecido nacionalmente por seus crimes, foi conduzido a julgamento pela primeira vez em junho de 1979, em Miami, em virtude dos crimes cometidos na Fraternidade Chi Omega, na Universidade Estatual da Flórida.

O homem, que passou a ser conhecido como “o anjo da morte” graças à imprensa que cobria em peso os passos do cruel – e elegante – criminoso, abriu mão do seu direito constitucional a ter um advogado constituído, decidindo se defender sozinho no tribunal.

Ele aparentava estar completamente confiante de que conseguiria convencer o júri de sua inocência. Sua tarefa seria, porém, mais difícil do que estimava. Nina Reary, testemunha de acusação, reconheceu Bundy como sendo o homem armado com um pedaço de pau que descia as escadas da fraternidade Chi Omega.

Mais ainda, sua tese defensiva foi ainda mais enfraquecida com o depoimento do odontologista Dr. Richard Souviron, que descreveu as marcas de mordidas encontradas no corpo de Lisa Levy e apresentou fotografias retiradas na noite do homicídio. As imagens foram comparadas com os moldes odontológicos de Bundy e combinaram perfeitamente. A prova técnica conectava o réu aos crimes imputados sem haver lacunas para dúvidas quanto a isso.

O veredicto de Miami ocorreu em 23 de julho de 1979. Após quase sete horas de deliberação, o júri considerou Ted Bundy culpado de todas as acusações. Mais ainda, foi considerado também culpado dos ataques contra Kathy Kleiner e Karen Chandeler. “O anjo da morte”, apesar de ter ouvido o resultado sem expressar qualquer sinal de emoção, sentia-se severamente frustrado por não ter conseguido seduzir o júri tal como fazia com suas vítimas. O homem foi sentenciado à pena capital.

Já em Orlando, por sua vez, Ted Bundy foi julgado em 7 de janeiro de 1980, pelo assassinato de Kimberly Leach. Na tentativa de evitar o erro que cometera no julgamento anterior, o criminoso optou por ser representado por uma dupla de advogados.

A tese defensiva consistia em provar a insanidade do acusado. Entretanto, mesmo com todos os honestos esforços dos advogados do réu, o Ministério Público apresentou 65 testemunhas que conectavam Bundy à vítima no dia do desaparecimento. Bundy foi mais uma vez considerado culpado e sentenciado à morte.

Com duas sentenças de morte ofertadas – e uma terceira que sobreviria mais à frente, Ted foi encaminhado para o corredor da morte da Prisão Estadual da Flórida, onde permaneceu por quase uma década. Durante o período em que ali ficou preso, concedeu algumas entrevistas para jornalistas na tentativa de ganhar a atenção pública e fazer com que suas sentenças fossem reduzidas para algo menor do que a morte.

Trabalhando no lado midiático, Bundy também tentava reverter as condenações por meio de seus advogados no âmbito jurídico, sem, contudo, obter êxito. Com todas as vias recursais existentes esgotadas, concordou em falar de maneira franca e sem rodeios com os investigadores e confessou a maioria de seus crimes, dando detalhes sórdidos e específicos sobre todos os homicídios, estupros e torturas de que se lembrava.

A execução

A execução de Bundy, provavelmente um dos maiores serial killers da história moderna, foi marcada para o dia 24 de janeiro de 1989. No lado de dentro da Prisão Estadual da Flórida, Ted tinha direito à escolher, como última refeição, aquilo que bem quisesse. Sem muitos enfeites e glamour, pediu para por uma última vez degustar filé, ovos, purê de batata e café.

Já no lado de fora da Prisão Estadual, aproximadamente duas mil pessoas cantavam, dançavam e soltavam fogos de artifício aguardando ansiosamente a execução.

As últimas palavras de Ted Bundy foram direcionadas à sua mãe, que muito tempo passou achando ser sua irmã, desculpando-se pela dor causada à ela, apesar de suas mágoas. Ali, era o fim do “anjo da morte”.

Ted Bundy sempre se orgulhara de ser chamado de misógino e vitimou diversas mulheres ao longo de sua vida. Por ironia do destino – ou justiça divina – foi uma mulher quem acionou a cadeira elétrica que deu fim à sua vida.

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