O Bandido da Luz Vermelha: quem foi João Acácio Pereira da Costa?
A história do Bandido da Luz Vermelha é amplamente conhecida pela população brasileira, tendo se tornado uma espécie de mito criminal daqueles que se assustam criancinhas quando cometem alguma malcriação. Seus mais de 150 roubos a casas, além de mais de 100 estupros e 4 homicídios, somando-se, ao fim, em 351 anos de prisão, tornaram o bandido um dos assassinos mais temidos e perigosos quando hoje, numa roda de conversa, o assunto “crimes” surge.
Mais do que isso, a personagem está na memória do povo brasileiro, principalmente dos mais velhos, por conta da extrema excentricidade do Bandido, que, além de possuir uma fascinação pela luz vermelha, andava com roupas extravagantes e adorava chamar a atenção pela cidade, ainda que a polícia nunca tenha percebido naquele homem estranho pela imensa São Paulo nada além de um lunático.
Porém, por trás da máscara de Bandido da Luz Vermelha, havia um homem que tinha como nome João Acácio Pereira da Costa, homem esse que possui sua própria história à parte do que viria a ser no futuro.
Quem foi João Acácio?
Nascido em 1942, na cidade de São Francisco do Sul, Santa Catarina, João Acácio foi criado por um tio em Joinville, após a morte precoce de seus pais. Seu tio não gostava dele e de seu irmão, o que fez com que o homem não os enxergasse como sobrinhos, mas sim como empregados. Assim, João e o irmão foram desde cedo submetidos a trabalhos forçados e a tortura física e psicológica.
Após fugir da casa do tio por não suportar os maus-tratos, passou a viver nas ruas de Joinville, onde praticava pequenos furtos em lojas de alimentos e de roupas para saciar sua vaidade que sempre foi aflorada.
Mais tarde, já manjado na cidade pela polícia, em vez de prisão, recebia conselhos de policiais que vislumbravam futuro no garoto. Ele também passou a ver certo futuro em si, tentando uma vida normal como a de qualquer trabalhador, conseguindo emprego em duas tinturarias. Na primeira, porém, um beijo na filha do patrão, flagrado pelo pai, o deixaria sem emprego; na segunda, foi demitido após ser visto usando o terno de um cliente num cinema da cidade.
Voltando para os pequenos roubos e crimes um pouco maiores, sabia que agora não receberia apenas conselhos dos policiais, partindo então em direção a São Paulo, cidade distante e que se sabia que estava em constante crescimento.
Na capital paulista, então, foi que seus crimes escalonaram. Passando por desmanches de carros que roubava no Rio de Janeiro, esquema que lhe rendeu um bom dinheiro para roupas e baladas, até assaltos diretos em diversas áreas de São Paulo, em determinado momento começou a arquitetar planos para assaltar residências de luxo.
Foi então que, mexendo com a elite paulistana, começou a traçar seu caminho para se tornar um dos mais famosos bandidos do país. Com seus roubos e eventuais estupros para afirmar sua heterossexualidade para si mesmo, sabendo que, no fundo, não o era, seus crimes tomaram proporções midiáticas enormes.
Visando se esconder, estabeleceu-se na cidade de Santos, no litoral, subindo a serra todos os dias para realizar seus crimes, que, em determinado ponto, chegaram aos homicídios. Sua vaidade gritava para si que nunca seria pego, mas, com a polícia cada vez mais em seu encalço, precisou fugir de volta para o Sul, desta vez na cidade de Curitiba, onde outrora tinha parentes.
Porém, logo que chegou à cidade, percebeu sua foto nos jornais nacionais e, se vendo em desespero, sabia que seu fim estava próximo, ainda que não admitisse isso. Reconhecido na rua, logo as autoridades foram acionadas e sua prisão foi efetuada em 8 de agosto de 1967.
João morreu apenas quatro meses depois de deixar a prisão – em razão da proibição de haver cumprimento de pena de reclusão em regime fechado em tempo maior do que 30 anos – por um pescador que havia lhe abrigado quando Acácio se viu sem rumo.
O motivo do atentado do pescador contra ele foi o fato de que João ameaçou a vida de seu irmão empunhando uma faca quando aquele foi confrontá-lo em razão das denúncias de assédio sexual por parte das mulheres de sua família.