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O piloto do Voo Varig 820 que sobreviveu à Orly e desapareceu no oceano

Há quase 50 anos acontecia a tragédia do voo RG820, que caiu pouco antes de conseguir pousar na cidade de Paris, na França, deixando 123 mortos.

Quase seis anos depois, outro voo, o RG967, desapareceu quando voava o oceano Pacífico. Em comum, os dois voos eram operados pela extinta companhia Varig (Viação Aérea Rio-Grandense) e tinham como comandante o piloto Gilberto Araújo da Silva. Embora tenha sobrevivido ao primeiro acidente, ele desapareceu no segundo, considerado um dos maiores mistérios da aviação até os dias de hoje.

Quem foi o Gilberto da Silva?

Nascido na Paraíba no dia 12 de novembro de 1923, no município de Santa Luzia, Gilberto, por volta dos 20 anos, começou a trabalhar na manutenção de aeronaves do governo de Goiás sob influência de seu tio, o major aviador Filon Ferrer Araújo.

Pouco tempo depois, começou a trabalhar no aeroclube de Goiânia, fez o curso para se tornar piloto e conquistou o brevê em 1943. Anos depois, começou na aviação comercial na Viação Aérea Baiana, se tornando com o tempo piloto do governo de Minas Gerais. Na década de 1960, começou a voar pela Varig após a empresa em que trabalhava, a Real Aerovias Nacional, ser adquirida pela aérea, momento em que foi morar em São Paulo.

Na Varig, pilotou o Boeing 707, avião no qual foi promovido na década de 1970 a comandante master, o mais alto grau na hierarquia entre os pilotos.

Em 1973, por ter evitado uma tragédia maior envolvendo o voo RG820, Silva foi condecorado pelo governo brasileiro e pelo Ministério do Transporte da França, passando a ser considerado um herói naquele país.

Porém, em 1979, ele foi dado como morto após o desaparecimento do voo RG967.

O RG820

Em julho de 1973, Silva era o comandante do voo RG820 que saiu do Brasil com destino ao aeroporto de Orly, na França. Quando o Boeing 707 se aproximava para o pouso, ocorreu um incêndio a bordo causado supostamente por um cigarro descartado de maneira errada no banheiro.

A tripulação optou por pousar o avião em uma plantação de cebolas próxima à cabeceira do aeroporto para evitar uma tragédia maior. Com isso, foi evitado que o avião atingisse um vilarejo, já que dificilmente chegaria até a pista de pouso.

A decisão do comandante de levar o avião para longe de zonas habitadas foi motivada por um acidente ocorrido um mês antes na França. Os pilotos do RG820 não queriam repetir a tragédia francesa – que vitimou centenas de pessoas – e o comandante Silva teve de colocar a cabeça para fora da janela do avião para conseguir visualizar a sua frente, já que a cabine estava tomada pela fumaça.

“Já que não vamos sobreviver, não vamos matar mais pessoas lá embaixo”, disse o piloto em áudio capturado pelo rádio. Apenas 11 pessoas sobreviveram e mais de 120 morreram, incluindo o então senador Filinto Müller e o cantor Agostinho dos Santos. Parte das pessoas morreu asfixiada com a fumaça, e não com a queda em si ou o fogo.

O RG967

O voo Varig 967 partiu em janeiro de 1979 do aeroporto de Narita, no Japão, rumo ao aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, com uma escala que seria realizada em Los Angeles. Gilberto da Silva era o comandante da aeronave. Ele havia sobrevivido ao acidente que ocorreu anos antes, se tornando herói na França.

A bordo do Boeing 707 estavam materiais eletrônicos, máquinas de costura, peças de navios e quadros do artista nipo-brasileiro Manabu Mabe avaliados à época em US$ 1,2 milhão. O avião fez contato com controle de tráfego aéreo cerca de 22 minutos após decolar. Era uma comunicação padrão, sendo que outra deveria ser feita por volta de uma hora de voo, o que não ocorreu.

Acredita-se que o avião tenha caído sobre o Oceano Pacífico, já que, até hoje, nunca foram encontrados destroços, corpos ou sinais da queda.

Diversas teorias da conspiração surgiram, como a de que a aeronave foi atacada para que fossem roubadas as obras de arte ou de que os pilotos entraram em espaço aéreo soviético por engano e teriam sido abatidos ou mortos após o pouso.

Entretanto, a principal corrente para explicar o desaparecimento é de que houve uma despressurização lenta na cabine, e a tripulação perdeu a consciência. Após voar por um certo tempo no piloto automático, o avião teria caído no oceano.


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