Por que o Papa Bento XVI renunciou? Saiba o motivo
Quando Papa Francisco assumiu o papado, muito ainda se falava sobre os motivos que poderiam ter levado o seu antecessor, o Papa Bento XVI a ter renunciado de seu cargo. Antes de Joseph Ratzinger – o papa Bento XVI – apenas três pontífices renunciaram ao cargo: Gregório XII, em 1415; Celestino V, em 1294; e Ponciano, em 235.
Quase 600 anos depois, o mundo foi pego de surpresa com a decisão do alemão. Porém, em janeiro desse ano, um seminário alemão revelou que tinha consigo uma carta que Ratzinger, então Bento XVI, enviou ao seu biógrafo, o alemão Peter Seewald, semanas antes de sua morte onde, ali, revelava o “motivo central” para ter abdicado do pontificado.
O motivo
Na carta, Bento XVI explica para Peter que a “razão central” para a renúncia da chefia da Igreja Católica Mundial, ocorrida em fevereiro de 2013, foi “a insônia que o acompanhava sem interrupção desde a Jornada Mundial da Juventude em Colônia”, em agosto de 2005, meses depois de suceder a João Paulo II.
No mesmo documento, ele aborda então que seu médico pessoal, à época, lhe prescreveu “potentes remédios” para dormir, o que a priori permitiram que ele desse conta da sua carga de trabalho. Mas, segundo o papa emérito, os remédios para dormir atingiram seus “limites” com o tempo.
Tomar remédios para dormir também teria causado um incidente durante uma viagem que fez ao México e a Cuba em março de 2012. Na manhã seguinte à primeira noite, Bento XVI descobriu que seu lenço estava “totalmente encharcado de sangue”.
“Devo ter me batido em algum lugar do banheiro e caí”, aponta o pontífice na carta.
O médico que o atendeu o fez de forma que as feridas não ficassem visíveis. Outro médico pessoal insistiu, após o incidente, para que as pílulas para dormir do papa alemão fossem reduzidas. Da mesma forma, foi aconselhado a ser visto apenas pela manhã durante suas viagens ao exterior.
Esta confirmação levou-o a anunciar a sua saída em fevereiro de 2013, meses antes da Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro, que disse não ser capaz de “enfrentar”. Chegando a essa conclusão, renunciou com antecedência suficiente para que seu sucessor – que viria a ser Papa Francisco – pudesse cumprir a visita ao Brasil.
Bento XVI morreu no mosteiro dos jardins do Vaticano onde viveu aposentado.