Quem foi Alberto Santos Dumont?
Alberto Santos Dumont, mais conhecido como apenas Santos Dumont, foi um notável cientista brasileiro que se destacou por sua grande capacidade em inventar objetos úteis para o cotidiano das pessoas, ficando marcado na história do Brasil e do mundo por seus grandes feitos na área da aviação.
Nascido no dia 20 de julho de 1873, em um sítio que ficava em Cabangu, atualmente conhecida como cidade de Santos Dumont, em Minas Gerais, Santos Dumont descendia de uma família francesa muito abastada, uma vez que seu pai, Henrique Dumont, era filho de François Dumont e Euphraise Honoré, dois franceses que vieram ao Brasil em busca de pedras preciosas.
O pai de Santos Dumont, engenheiro por formação e um dos trabalhadores da construção de estradas de ferro no Brasil, decidiu, tempos depois, adquirir algumas terras no interior de São Paulo e dedicar-se ao cultivo do café, uma das atividades mais lucrativas do Brasil no final do século XIX.
Já a mãe de Santos Dumont chamava-se Francisca de Paula Santos e era filha de um comendador, portanto, também vinha de uma família de posses. Do casamento de Francisca com Henrique, nasceram oito filhos, dos quais Alberto Santos Dumont foi o sexto e o quarto do sexo masculino. Sendo assim, analisando o contexto, é certo dizer que o inventor do avião nasceu em uma família bastante rica e nunca teve de passar por dificuldades financeiras severas.
Durante sua infância, Santos Dumont desenvolveu desde cedo um grande interesse pela literatura, sendo as obras de Júlio Verne, escritor francês, as suas favoritas. Ainda na infância, Dumont interessava-se particularmente pela estrada de ferro que seu pai tinha construído em sua babilônica fazenda cujas terras, de tão extensas, abrigavam 96 km do caminho ferroviário.
Mais do que pela estrada, o gosto do menino era muito mais forte pelo maquinário das ferrovias e em si e por outros que existiam na fazenda de seu pai, o que já demonstrava a sua pré-disposição para a sua futura atuação.
Ida para a Europa
A partir do ano de 1890, a vida de Santos Dumont passou por algumas transformações por conta da saúde de seu pai, atingida inesperadamente.
Nesse ano, Henrique Dumont sofreu um acidente caindo de uma charrete. Durante a queda, ele bateu a cabeça no chão, o que lhe resultou em um derrame cerebral e uma consequente paralisia completa de um dos lados do corpo.
Por conta do acidente, o pai de Dumont ficou incapacitado de administrar a gigantes fazenda da família e decidiu vendê-la para buscar tratamento no continente europeu. As terras onde Henrique Dumont vivia com a família foram vendidas, à época, por 12 mil contos de réis, o que significava uma verdadeira fortuna.
Os pais de Dumont ficaram com 1/3 da quantia, e o resto dela foi dividido entre todos os seus filhos.
Em 6 de abril de 1891, Santos Dumont, alguns de seus irmãos e seus pais embarcaram rumo a Paris, na França. Foi em território francês, de onde sua família descendiam, que Santos Dumont encontrou as condições para que pudesse desenvolver suas habilidades científicas e acadêmicas. A capital francesa vivia o auge da chamada Belle Époque, período na história europeia marcado pela euforia com o progresso e o avanço da ciência.
Em Paris, estudando, ele manifestou interesse pela elaboração de dirigíveis e balões, mas a falta de verba própria para seus projetos, pois ainda dependia financeiramente de seu pai, fez com que, naquele momento, desistisse de seus planos.
Com o sonho vivo em sua mente, entretanto, foi se dedicar ao estudo de motores de combustão interna, e esse interesse o levou a comprar um automóvel fabricado pela Peugeot, fabricante francesa, em 1891. O carro fazia 16 km/h, velocidade inimaginável para os dias atuais, mas muito boa para a época. Quando seus pais retornaram ao Brasil, no final de 1891, Santos Dumont trouxe o carro consigo, o que fez dele, curiosamente, o primeiro homem a dirigir um carro na América do Sul.
No retorno ao Brasil, Santos Dumont foi emancipado pelo seu pai e recebeu uma parte de sua herança. Além disso, Henrique Dumont, muito mal de saúde e vendo o potencial científico de seu filho prodígio, prometeu à Santos Dumont que ele não precisaria trabalhar para ganhar a vida e se sustentar, deixando claro que deixaria dinheiro suficiente para que o filho vivesse sem maiores preocupações.
Santos Dumont, tranquilo com a promessa de seu pai, decidiu que retornaria à Paris. Dumont chegou novamente na França em 1892, poucos dias antes do falecimento de seu pai. Ele contratou um professor que lhe auxiliou em assuntos como física e química. Tempos depois, ele conseguiu ingressar na Universidade de Bristol, na Inglaterra, participando de aulas sobre construção de motores e de objetos aeronáuticos e navais.
Seus projetos
A partir de 1897, feito todos os estudos necessários para que se sentisse seguro em colocar na prática seus projetos, Dumont iniciou seus primeiros testes no ramo da aeronáutica.
Desse momento para frente, passou a dedicar muitos anos de sua vida, primeiro, à produção de dirigíveis e, depois, à de aviões. Seu primeiro dirigível foi colocado no ar em fevereiro de 1898, mas fracassou, só conseguindo ter um voo de sucesso na sua terceira tentativa, em setembro do mesmo ano. Nessa ocasião, Santos Dumont chegou a 400 metros de altura.
Já em novembro de 1901, mais precisamente no dia 04, Santos Dumont concorreu ao “Prêmio Deutsch”, que consistia em cumprir um trajeto na cidade de Paris pilotando um dirigível por até 30 minutos. Santos Dumont alcançou o objetivo proposto e, por isso, recebeu 129 mil francos pela sua conquista.
Contudo, o homem não ficou com o dinheiro para si. Entendendo que já tinha demais para sua sobrevivência, bem como para a de seus projetos, deu metade da quantia para a equipe que o ajudou a construir o dirigível e a outra metade distribuiu entre pobres parisienses.
Nesse período, com o prêmio, Santos Dumont passou a se dedicar ainda mais a projetos de dirigíveis, sempre procurando melhorar suas construções. Ele chegou a fazer passeios em Paris com os veículos e, com isso, passou a ser uma das personalidades mais conhecidas da cidade no começo do século XX.
Foi somente em 1905 que ele iniciou os testes para desenvolver uma aeronave que fosse mais pesada que o ar.
Desses projetos nasceu o 14-Bis, aeroplano desenvolvido por Santos Dumont, com um motor de 50 cavalos de potência. O 14-Bis teve dois voos destacados: o primeiro aconteceu em 23 de outubro de 1906, com 60 metros de altura. O segundo voo foi assistido por membros da Federação Aeronáutica Internacional, a FAI, no dia 12 de novembro de 1906, fazendo um voo de 220 metros a seis metros de altura em Paris.
Últimos anos
Em 1910, Santos Dumont sofreu um acidente em um de seus novos modelos do Demoiselle, um projeto de avião bem-sucedido que apresentou no ano anterior e que alcançou de maneira inédita a marca de 90km/h.
Por conta do acidente sofrido, decidiu aposentar-se, pois sua saúde não suportava mais o risco que envolvia o seu trabalho. Além disso, nessa mesma época, ele também foi diagnosticado com esclerose múltipla, doença que até hoje não possui cura.
Nessa mesma década, Dumont viu sua invenção ser usada na Primeira Guerra Mundial como armamento, o que o perturbou severamente. No período da guerra, ele ainda foi acusado – falsamente – de ser um espião alemão, mas tempos depois sua inocência foi provada e oficializada.
Ver seu invento ser utilizado para algo tão ruim, bem como o agravamento de sua condição de saúde, fizeram com que ele decidisse retornar ao Brasil.
Os últimos anos da vida de Santos Dumont foram marcados pela depressão, e por isso ele passou por diversas clínicas de repouso no Brasil e também na Europa quando lá estava. A péssima situação de sua saúde física e mental fez com que ele fosse passado aos cuidados de seu sobrinho Jorge Dumont Vilares.
Tio e sobrinho passaram a morar em um hotel na cidade de Guarujá, litoral de São Paulo, mas o estouro da Revolução Constitucionalista contribuiu para abalar mais a saúde mental do inventor brasileiro. Acredita-se que, no dia de sua morte, aviões sobrevoaram e bombardearam alguma região próxima de onde Santos Dumont estava.
Perturbado com a cena de um avião promovendo destruição em massa no mundo, Santos Dumont aproveitou-se da breve saída de seu sobrinho e cometeu suicídio, no dia 23 de julho de 1932, aos 59 anos de idade.