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Quem foi Elsa Schiaparelli? Conheça a trajetória da estilista

Com um olhar único e revolucionário, Elsa Schiaparelli é um verdadeiro ícone no mundo da moda. Com uma forte ligação com a arte, a estilista era adepta do surrealismo, o qual concretizava em suas inúmeras obras que continuam sendo destaques até os dias atuais. Ousada em suas criações, Elsa Schiaparelli foi capaz de inspirar uma geração de artistas durante as décadas de 1920 e 1930.

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Elsa Schiaparelli

Ousada em suas criações e com uma visão à frente de seu tempo, infelizmente, em muitos momentos Elsa foi reduzida a apenas a rival da então estilista Coco Chanel. No entanto, estamos aqui para lembrar a grandeza dessa estilista que é um verdadeiro símbolo revolucionário no mundo da moda.

Schiap, chamada carinhosamente, é um estilista tão importante quando Chanel, sendo a responsável por popularizar a cor de rosa-choque, levando o surrealismo para as roupas e acessórios de uma forma única e inovadora, tornando as peças em verdadeiras obras de arte.

Elsa Schiaparelli

Elsa nasceu em Roma, no Palazzo Corsini, em uma família rica e erudita. Seu pai era diretor da Accademia Nazionale dei Lincei, uma instituição científica, e sua mãe era aristocrata, descendente dos Médici. Seu avô era reitor da universidade de Roma, e seu tio-avô, astrônomo, foi pioneiro na criação de mapas de Marte entre 1877 e 1890.

Com referências em sua casa, seria impossível não se tornar uma potência no mundo da moda. Desde criança, influenciada por sua família, Elsa sempre foi fascinada pela história antiga, mitologia e religião. Com uma imaginação única, a estilista criava histórias de ficção em sua cabeça e sonhava em ser atriz, mas por influência da família de intelectuais, estudou filosofia na Universidade de Roma.

Ainda jovem, aos 21 anos, a estilista escreveu poemas inspirados em Arethusa, uma ninfa da mitologia grega, com conteúdo explicitamente sexual, o que assustou seus pais. Após o episódio, a artista foi enviada para um convento na Suíça, mas escapou depois de uma greve de fome – nesse momento Elsa mostrou a personalidade forte que tinha.

Mesmo pertencendo a uma família com boas condições, Elsa sentia que seu ambiente limitava sua mente imaginativa. Logo em seguida, Elsa deixou Roma e mudou-se para Londres em 1913. Lá, durante uma conferência de teologia, apaixonou-se por um jovem teosofista, com quem se casou em 1914.

Não demorou muito para o casal se mudar para Nova York, o que aconteceu em 1916. Durante a viagem para os Estados Unidos, Elsa fez amizade com Gabrièle Picabia, esposa do pintor dadaísta Francis Picabia.

A arte

No início, a vida em Nova York foi marcada por sua apresentação a influentes artistas, como Man Ray e Marcel Duchamp, graças à amiga Gabrièle. Após o nascimento de sua filha Maria Luisa Yvonne em 1920, que contraiu poliomielite, a situação financeira apertou e o casamento terminou em divórcio. Em busca de tratamentos mais avançados na Europa para a filha, Elsa retornou a Paris em vez de Roma em 1922.

Em Paris, Elsa trabalhou durante o dia em um antiquário e à noite se envolveu na cena artística de bares e restaurantes frequentados por boêmios. Seu encontro com a moda ocorreu quando visitou o ateliê do estilista Paul Poiret, onde sua peculiaridade chamou a atenção. Isso a levou a começar a desenhar roupas, e após anos trabalhando como estilista freelancer, ela se destacou com um pulôver tricotado à mão com um laço em trompe-l’oeil.

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A técnica do trompe-l’oeil, que cria ilusões de ótica, foi um ponto de virada para Elsa. Em 1927, ela fundou sua própria marca de moda, estabelecendo seu espaço na rue de la Paix, perto da place Vendôme em Paris, conhecido centro da moda da época. Inicialmente, sua marca se focou em roupas esportivas em tricô, como maiôs e “pijamas de praia”, além de roupas para esqui. Isso marcou o começo do sucesso de Elsa Schiaparelli como estilista.

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Schiaparelli alcançou grande sucesso com suas peças marcantes, incluindo cores contrastantes e desenhos ousados, como peixes, esqueletos, tartarugas e tatuagens de marinheiro. Em 1928, ela introduziu o primeiro perfume da marca, chamado “S”. Sua fama se expandiu para os Estados Unidos, onde houve interesse em comercializar suas criações.

O olhar único

Durante os anos 1930, Schiaparelli se destacou por sua inovação, audácia e pioneirismo. Nos ateliês de alta-costura, ela introduziu zíperes visíveis nos vestidos, combinando função e decoração, e até incorporou zíperes coloridos de plástico, um material novo para a época.

Antecipando tendências, ela criou vestidos-envelope e propôs a combinação de vestidos de festa com jaquetas elaboradas, inovando no styling. Como pioneira, patenteou um maiô com sutiã embutido, estendendo essa ideia a vestidos posteriormente.

O crescimento da marca Schiaparelli foi notável, chegando a ter 400 funcionários em oito ateliês diferentes até 1932. A placa na rue de la Paix passou a declarar: “Para o esporte, para a cidade, para a noite”, refletindo a diversidade de suas criações.

Seu impacto foi tamanho que, em 1934, ela estampou a capa da Time Magazine, sendo a primeira estilista mulher a receber esse destaque. A personalidade ousada e forte de Schiaparelli se refletiu em suas criações inovadoras, atraindo mulheres que compartilhavam desse estilo.

Elsa Schiaparelli iniciou colaborações com artistas da época, como um colar com contas de porcelana semelhantes a Aspirinas, em parceria com a escritora russa Elsa Triolet. Ela também criou um vestido longo com pregas em trompe-l’oeil, em colaboração com o pintor Jean Dunand, e produziu joias em parceria com o escultor Alberto Giacometti, entre outros.

Porém, as colaborações mais significativas de Schiaparelli foram com os artistas Salvador Dalí e Jean Cocteau. . Com Jean Cocteau, seus desenhos foram estampados em casacos, vestidos e acessórios, incluindo um cinto com uma fivela de mãos e joias.

Com Dalí, ela concebeu algumas de suas peças mais icônicas, como um vestido com estampa de lagosta, um vestido-esqueleto com enchimentos simulando ossos, uma criação com estampas e efeitos que simulavam cortes na pele, além de um chapéu em forma de sapato e outros designs inovadores.

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O famoso rosa choque

Dentre muitos sucessos, é difícil apontar qual foi a mais importante ou aquela que obteve mais sucesso, no entanto, é possível afirmar qual é a mais conhecida. Em 1937, a estilista Elsa Schiaparelli lançou o perfume Shocking, com um frasco em forma de torso inspirado na atriz Mae West. A novidade incluía uma cor surpreendente: o rosa-choque, um magenta vibrante obtido pela mistura de azul e vermelho.

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Schiaparelli foi responsável por revolucionar o uso do rosa-choque na moda, antes limitado a tons mais suaves, e sua influência ainda é sentida por aqueles que apreciam essa cor icônica em seu guarda-roupa.

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