Um levantamento do Instituto Sou da Paz revela que o Sistema Único de Saúde (SUS) atendeu, em média, quase 50 pessoas baleadas por dia em hospitais públicos do Brasil durante o ano de 2022.
O total de internações por ferimentos causados por armas de fogo atingiu a marca alarmante de 17,1 mil casos.
O custo desses tratamentos para os cofres públicos chegou a R$ 41 milhões, quantia que poderia ter sido utilizada para realizar 1 milhão de mamografias em todo o país.
Preocupação para o SUS
A coordenadora de projetos do Instituto Sou da Paz, Cristina Neme, destaca que, em média, uma internação por arma de fogo tem um custo três vezes superior a internações por outros problemas de saúde.
O impacto financeiro da violência armada nos últimos 15 anos foi expressivo, totalizando R$ 886 milhões em hospitalizações de baleados.
No Rio de Janeiro, a realidade é ainda mais gritante, onde o custo médio diário de um paciente baleado em um hospital de alta complexidade chega a R$ 2,3 mil. Os gastos hospitalares variam de acordo com a gravidade do caso, complexidade dos procedimentos e tempo de internação.
Somente em 2022, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro já despendeu mais de R$ 19,7 milhões para tratar vítimas de ferimentos por arma de fogo. Esse valor poderia ter sido direcionado para a realização de 4,6 milhões de hemogramas completos.
A sobrecarga nos hospitais públicos é evidente, com altos custos e a necessidade de atender uma quantidade expressiva de baleados.
A situação não é diferente nos hospitais municipais da capital fluminense, que já enfrentaram gastos de R$ 37,2 milhões somente este ano até o final de outubro. Esse montante seria suficiente para realizar quase 1,7 milhão de ultrassonografias ginecológicas.
O número de baleados atendidos nos hospitais municipais do Rio de Janeiro atingiu a marca de 1.084 durante esse período, evidenciando os impactos significativos da violência armada na saúde pública.
